Outono

Beautiful-nightfall-scenery-at-river-side-sunset-tree-sky-clouds_1920x1080.jpg

“Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.”
(Salmos 1)

Todo ano, desde quando se percebeu tal fenômeno da natureza e do tempo, há quatro estações, necessárias e dependentes umas das outras: inverno, primavera, verão e outono. Todas elas com belezas e peculiaridades, mas uma em particular me chamou atenção… o outono.

Quando me propus escrever este texto, percebi que esta estação de “transição” (e no meu caso, muita incerteza rs) é uma figura interessante para comparar algumas quedas de folhas na minha breve história.

Os dias são mais curtos e as noites mais longas; o que me lembra que os momentos de clareza, entendimento e até leveza são menores, comparados aos de sombras e escuridão dentro de mim.

A umidade do ar diminui, e por conta disto, fica mais difícil respirar. Consequentemente, algo natural, espontâneo e fundamental, como sorrir de graça, custa, é difícil. Me privei por achar que estava difícil.

Neste período, nevoeiros durante a manhã é comum; e a visão fica difusa. Há e houve dúvida, muito medo e insegurança no meu curto outono.

Crendo contra a esperança –  do inverno –  aguardo o florescer da árvore plantada junto ao ribeiro, como no Salmo. O crescimento da árvore é uma dependência totalmente externa. Que, como a do texto, eu tenha a sorte de me dar conta que estou plantada junto ao ribeiro. Quero dar frutos. Quero naturalmente e sem esforço, ser sombra, ar fresco e alimento. Quero ser forte. Quero ter raízes profundas. Quero me submeter ao vento, mas não quebrar e ruir com tempestades que podem me alcançar. Quero ser perene.

 

Nem sempre

Nem todos terão paciência para te conhecer
Nem todos terão amor para te suportar
Nem todos se esforçarão para te perdoar
Muito poucos terão interesse em te procurar

Quase ninguém terá vontade de te ajudar
Nem todos secarão suas lágrimas
Quase ninguém dará motivos para te fazer sorrir
Muito poucos terão doçura em te ensinar

Quase ninguém se doará para te alimentar
Nem todos suprirão sua necessidade de atenção
Muito poucos buscarão um abraço seu
Mas, fato é que nunca estaremos sozinhos.

Por mais que não seja como gostaríamos que fosse
Com as pessoas que idealizamos
Da forma que imaginamos
Com a saúde e riqueza que queríamos

Sempre teremos alguém
A questão é: será o suficiente?
Ou ainda: isso nos contenta?
E mais: a falta está em querer o que não tem
ou não saber valorizar o que se tem?

Deus
Família
Amores
Amigos
Trabalho
Comida
Casa
Coisinhas
Conforto

Quem tem um pouco disto, nesta ordem ou não, é feliz?
Vinicius de Moraes diz
“Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho…”

É bom, é necessário rever conceitos
Começar pensando uma coisa
e terminar pensando diferente
se permitir mudar, aprender

Então, no fim das contas,
vemos que temos muito
e que o “quase ninguem”
“muito poucos/as”
e o “nem todos” do início da conversa

Serão preciosos e importantes
Nunca serão muitos e nem precisam ser
Só precisamos que sejam e estejam.
Lá e aqui. E estão.

De: gladircabral‬

“Criador bendito, moras no infinito vasto e tão bonito! Mas estás, eu sei que estás, perto de mim, dentro do coração. E assim posso contar contigo onde quer que eu estiver. Pois sei que o teu amor vai muito além do infinito do teu ser e vem ao meu encontro…”

Tudo para Ele

“Tu és o Deus das alvoradas, o Deus das vigílias noturnas, o Deus dos picos das montanhas e o Deus dos mares; mas, Deus meu, minh’alma tem horizontes mais vastos que as alvoradas, escuridões mais densas do que as noites da terra, picos mais altos que qualquer montanha, profundezas maiores que qualquer mar. Tu, que és o Deus de tudo isso, sê o meu Deus. Não posso atingir as alturas nem as profundidades; há motivações que não consigo desvendar, sonhos que não posso alcançar – meu Deus, sonda-me.”

(Tudo para Ele – Oswald Chambers)

Como um rio

image

COMO UM RIO

Ser capaz, como um rio
que leva sozinho
a canoa que se cansa,
de servir de caminho
para a esperança.
E de lavar no límpido
a mágoa da mancha,
como o rio que leva
e lava.

Crescer para entregar
na distância calada
um poder de canção,
como o rio decifra
o segredo do chão.

Se tempo é de descer,
reter o dom da força
sem deixar de seguir.
E até mesmo sumir
para, subterrâneo,
aprender a voltar
e cumprir, no seu curso,
o ofício de amar.

Como um rio, aceitar
essas súbitas ondas
feitas de águas impuras
que afloram a escondida
verdade nas funduras.

Como um rio, que nasce
de outros, saber seguir
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e construir o encontro
com as águas grandes
do oceano sem fim.

Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.
Como um rio.

(Thiago de Mello)

Embarcar

Está chegando a hora de embarcar!
Sorrio e choro, de alegria, amor e gratidão, de medo e tensão.
Deus é bom. Muito, muito. E ele tem cuidado deste barco, acalmado as águas, ao passo que nos prepara para os momentos em que o mar estará bravio, com muitos ventos e forte chuva.

“Mas a calmaria virá…
Mais perto estaremos do Lar.”

O amor não é

“o amor não é invejoso;
o amor não trata com leviandade,
não se ensoberbece.
Não se porta com indecência,
não busca os seus interesses,
não se irrita,
não suspeita mal;
Não folga com a injustiça”
1 Coríntios 13:4-6

O amor não é invejoso, pois não há motivos para o ser. Quando claramente expressado, sente-se seguro. A inveja é insegurança. É falta de amor a si e ao outro. Egoísmo. Sentimento dos mais feios, sem dúvidas!

O amor não trata com leviandade, pois sabe de sua preciosidade. É bobeira ser leviano. Coisa importante a gente deve levar de um jeito leve, mas dando o valor que se preza.

Não se ensoberbece, pois isso é o oposto do amor. Amor é se dar e a soberba não se permite olhar para o necessitado, ainda que este seja seu próprio dono. Amar é se submeter, ceder, compreender e até mesmo discordar de si, caso necessite.

Não se porta com indecência, pois é decoroso. Nunca vi algo tão cheio de honra quanto o amor. E esse que conheci há poucos anos / muitos meses / longas conversas é deste jeito: sabe se portar muito bem, e como sabe!

Não busca os seus interesses, pois deixa você ir. Já sabe que sua alegria é a minha, e sempre foi. Por isso, seus sonhos também são os meus. Vai! Pode e deve crescer… Vá e voe longe! Ao te amar, entende a distância, a ausência hoje.

Não se irrita, pois ele é assim. Manso, doce, lindo… lindo demais. E olha que há motivos para bravo estar, porém escolhe prosseguir em seu sábio e cuidadoso silêncio.

Não suspeita mal, pois sua pureza não o permite, ainda que tente. Critica, aponta, pondera, conjectura, supõe, mas seu coração é bom.

Não folga com a injustiça, pois se revolta com ela. Tal postura é de muito valor. O Amor de Lá disse um dia que nos fartará de justiça. Por isso o amor daqui não é indiferente. Ele ouve, conversa, doa e se ocupa com causas dos outros.

O amor diz pouco com as palavras, pois ele é belo demais para se limitar a elas.

Enquanto isto, a amada é grata infinitamente ao Amor por ter dado Seu amor, um amor em mim e nele para mim.

WHO SHALL DELIVER ME?

Christina G. Rossetti, 1876

God strengthen me to bear myself;
That heaviest weight of all to bear,
Inalienable weight of care.

All others are outside myself;
I lock my door and bar them out
The turmoil, tedium, gad-about.

I lock my door upon myself,
And bar them out; but who shall wall
Self from myself, most loathed of all?

If I could once lay down myself,
And start self-purged upon the race
That all must run ! Death runs apace.

If I could set aside myself,
And start with lightened heart upon
The road by all men overgone!

God harden me against myself,
This coward with pathetic voice
Who craves for ease and rest and joys

Myself, arch-traitor to mysel ;
My hollowest friend, my deadliest foe,
My clog whatever road I go.

Yet One there is can curb myself,
Can roll the strangling load from me
Break off the yoke and set me free